Há um certo tempo essa pergunta vem consumindo parte do meu tempo. Há 4 anos, para ser mais precisa. Comecei uma espécie de texto algumas dezenas de vezes porque sempre caía na modinha, na influência de algum texto visto em algum lugar. Devido a esse fracasso, passei a bola para amigas, para ser descrita aos olhos delas. Algumas fizeram e disseram coisas lindas que me emocionaram. Mas nenhuma atingiu minha sede de descrição fiel da minha pessoa. Outros, em pequenos atos, demonstravam um grande conhecimento sobre mim que nem eu mesma sabia. Acho que é porque nunca permiti que ninguém me deixasse conhecer completamente, ou me engano quanto a isso. Depois disso, passei a procurar textos que faziam essa tarefa. Achei alguns incríveis, entitulados de 'texto da minha vida'. Devo ter achado uns 20 ou mais. À medida que mudanças ocorriam na minha vida, o texto era mudado. E assim, posso dizer, que me sosseguei por um tempo.
Durante outra encarada no espelho antes de dormir, percebi que nem eu sabia quem eu era. Estava atrás de descrições externas quando nem eu tinha uma descrição sobre mim.
Odeio egocentrismos, mas vamos lá. E, lendo a rainha da epifania, tive algumas inspirações: 'Inútil querer me classificar: eu simplesmente escapulo não deixando, gênero não me pega mais.' Desisti de entender; não sou alegre o tempo todo, também não fico triste o tempo todo, aí seria depressão. No entanto, choro com muita facilidade; seja de emoção, felicidade, decepção ou simplesmente porque alguém querido está derramando lágrimas. Sou inconstante; minhas músicas, leituras e vícios falam por mim. Cada período tem uma música marcante; tenho artistas perfeitos sazonais. Leitura? Variam entre epifanias confusas, vampiros e futilidade norte-americana. Meus vícios entrelaçam-se de uma certa maneira, compondo-me naquela época, ou construindo uma característica, ou modificando algo. Não me classifico como 'de lua', mas sim 'afetada'. Sofro influência de qualquer coisa. Repito: qualquer coisa, não qualquer pessoa. Os personagens das séries influenciam meu humor, os dos livros meus sonhos e os meus amigos minha maneira de falar. Disseram uma vez que tenho personalidade admirável, mas eu me questiono sobre isso, vez que sou tão mutável. Mas depois repensei e prefiro considerar uma transparência, um filtro; eu ainda sou uma tela pintada. Preciso de cores, linhas e figuras novas.
Impressiono-me com o novo, afinal, quem não se empolga com novidades? Ainda tenho essa característica pueril. Essa e mais muitas, que vez por outra tento eliminar ou modificar.
Quero mudar a todo momento, nunca estou completamente satisfeita com alguma coisa. Odeio reclamações o tempo todo. Admiro atos positivos. Vivo sobre ação de hormônios. Sou insuportável quando to com sono, de tpm ou com fome. Gosto de carinho, mas tudo com limites. Dançar? Ainda não tenho resposta pronta para isso, mas sei que é algo que mexe comigo de um jeito inexplicável. Fé? Vivo nela e por ela.
O passado? Aprendi que ele tem que ficar guardado, em alguns casos até enterrado. Família? Expande território. Desejo? viajar todo o mundo o tempo todo. Uma frase? Não trate como prioridade quem insiste em lhe tratar como opção. E isso aqui? Já tá virando disparate da 6a série.
Então, quem sou eu? Meu artista preferido diz que 'os olhos dela são grandes como seus dedos calejados aos pés da rainha de copas que tem os pés cobertos por bolhas e cicatrizes', minha personagem favorita consegue falar mais de 100 palavras por minuto, meu livro favorito insiste em me iludir com romantismo e minha escritora favorita diz: 'meu corpo incógnito te diz: dinossauros, ictiossauros e plessiossauros, com sentido apenas auditivo, sem que por isso se tornem palha seca, e sim úmida.' Minha futura faculdade tratará disso.
E se isso será exposto em um perfil? Não.
Por que? Não interessa a ninguém, só ao meu íntimo particular.
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